A
Meia Praia situa-se no concelho de Lagos, na baía de Lagos, entre o molhe norte
da ribeira de Bensafrim e o molhe poente da Ria de Alvor. Para poente avista-se
a cidade de Lagos e a Ponta da Piedade. Para este vislumbra-se Alvor.
O
areal tem cerca de 5 km de comprimento, constituindo assim o maior do Algarve.
Predominam aqui as dunas baixas revestidas por diversa vegetação. Para o
interior avistam-se pequenas colinas verdejantes.
O
topónimo Meia Praia surgiu devido à sua situação geográfica. Este local foi
dividido pela Ria de Alvor, sendo uma metade para Lagos e a outra para
Portimão. A sua antiga denominação era Praia de S. Roque.
No
areal, atrás do Apeadeiro da Meia Praia, encontra-se o Forte da Meia Praia,
também designado por Forte de S. Roque, embora o seu patrono seja S. José. Data
da 2ª metade do séc. XVII. Foi mandado construir
por D. Nuno da Cunha de Ataíde, Conde de Pontével, quando foi Governador do
reino do Algarve pela segunda vez. A sua arquitetura maneirista obedece às
novas tendências da artilharia. Apresenta
uma planta quadrangular e uma rampa de acesso ao terraço. A 1
de Novembro de 1755, dia de Todos os Santos, o terramoto e consequente maremoto
destruíram um quarto deste equipamento militar.
Em 1796 foi restaurado devido
à ameaça das Invasões Francesas. Em 1840 foi
desartilhado. Em 1873 foi cedido à Câmara Municipal de Lagos, que
posteriormente o entregou à Alfândega de Lagos, para ali instalar um posto fiscal.
Atualmente, encontra-se em avançado estado de degradação.
O frequente
vai e vem de diversas embarcações deve-se sobretudo à proximidade da Marina de
Lagos.
Alguns
anos antes de 1974, um grupo de pessoas, proveniente de Monte Gordo,
instalou-se na zona leste do areal da Meia Praia, procurando melhores condições
de vida. Construíram barracas de madeira com telhados de junco, existente nas
dunas. Escolheram este local porque permitia-lhes desenvolver o seu trabalho,
que era ligado ao mar. A revolução de Abril levou-os, com algum auxílio do
Estado, a construir habitações adequadas e a implantar nesse local o Bairro 25
de Abril. Posteriormente, a pressão turística colocou em causa a continuação deste
bairro popular.
Atualmente,
a maior propriedade agrícola da Meia Praia, que se designava Palmares, encontra-se
substituída por um complexo turístico com campo de golfe, situado à beira da
Ria de Alvor, numa zona em que a lei prevê proteção ambiental.
O poeta
e cantor Zeca Afonso foi professor do ensino secundário em Lagos e dedicou uma
canção ao esforço dessa gente na construção das suas habitações. Chama-se “Os
Índios da Meia Praia”. Segue-se a letra desta música:
Os Índios da Meia-Praia
Aldeia da Meia-Praia
Ali mesmo ao pé de Lagos
Vou fazer-te uma cantiga
Da melhor que sei e faço
De Monte-Gordo vieram
Alguns por seu próprio pé
Um chegou de bicicleta
Outro foi de marcha a ré
Quando os teus olhos tropeçam
No voo duma gaivota
Em vez de peixe vê peças
De ouro caindo na lota
Quem aqui vier morar
Não traga mesa nem cama
Com sete palmos de terra
Se constrói uma cabana
Tu trabalhas todo o ano
Na lota deixam-te mudo
Chupam-te até ao tutano
Levam-te o couro cabeludo
Quem dera que a gente tenha
De Agostinho a valentia
Para alimentar a sanha
De esganar a burguesia
Adeus disse a Monte-Gordo
(Nada o prende ao mal passado)
Mas nada o prende ao presente
Se só ele é o enganado
Oito mil horas contadas
Laboraram a preceito
Até que veio o primeiro
Documento autenticado
Eram mulheres e crianças
Cada um com o seu tijolo
Isto aqui era uma orquestra
Quem diz o contrário é tolo
E se a má língua não cessa
Eu daqui vivo não saia
Pois nada apaga a nobreza
Dos índios da Meia-Praia
Foi sempre a tua figura
Tubarão de mil aparas
Deixas tudo à dependura
Quando na presa reparas
Das eleições acabadas
Do resultado previsto
Saiu o que tendes visto
Muitas obras embargadas
Mas não por vontade própria
Porque a luta continua
Pois é dele a sua história
E o povo saiu à rua
Mandadores de alta finança
Fazem tudo andar pra trás
Dizem que o mundo só anda
Tendo à frente um capataz
Eram mulheres e crianças
Cada um com o seu tijolo
Isto aqui era uma orquestra
Quem diz o contrário é tolo
E toca de papelada
No vaivém dos ministérios
Mas hão-de fugir aos berros
Ainda a banda vai na estrada
Ali mesmo ao pé de Lagos
Vou fazer-te uma cantiga
Da melhor que sei e faço
De Monte-Gordo vieram
Alguns por seu próprio pé
Um chegou de bicicleta
Outro foi de marcha a ré
Quando os teus olhos tropeçam
No voo duma gaivota
Em vez de peixe vê peças
De ouro caindo na lota
Quem aqui vier morar
Não traga mesa nem cama
Com sete palmos de terra
Se constrói uma cabana
Tu trabalhas todo o ano
Na lota deixam-te mudo
Chupam-te até ao tutano
Levam-te o couro cabeludo
Quem dera que a gente tenha
De Agostinho a valentia
Para alimentar a sanha
De esganar a burguesia
Adeus disse a Monte-Gordo
(Nada o prende ao mal passado)
Mas nada o prende ao presente
Se só ele é o enganado
Oito mil horas contadas
Laboraram a preceito
Até que veio o primeiro
Documento autenticado
Eram mulheres e crianças
Cada um com o seu tijolo
Isto aqui era uma orquestra
Quem diz o contrário é tolo
E se a má língua não cessa
Eu daqui vivo não saia
Pois nada apaga a nobreza
Dos índios da Meia-Praia
Foi sempre a tua figura
Tubarão de mil aparas
Deixas tudo à dependura
Quando na presa reparas
Das eleições acabadas
Do resultado previsto
Saiu o que tendes visto
Muitas obras embargadas
Mas não por vontade própria
Porque a luta continua
Pois é dele a sua história
E o povo saiu à rua
Mandadores de alta finança
Fazem tudo andar pra trás
Dizem que o mundo só anda
Tendo à frente um capataz
Eram mulheres e crianças
Cada um com o seu tijolo
Isto aqui era uma orquestra
Quem diz o contrário é tolo
E toca de papelada
No vaivém dos ministérios
Mas hão-de fugir aos berros
Ainda a banda vai na estrada
Sem comentários:
Enviar um comentário